terça-feira, 15 de maio de 2012

DONA CAROCHINHA




Afinal, quem é Dona Carochinha?
Por que algumas pessoas se referem aos contos infantis como histórias ou Contos da Carochinha? Alguns até se referem ao tempo antigo como "tempo da carochinha"... Você sabe o porquê?
Confesso que tive esta dúvida "técnica" e fui pesquisar. Eis um pouco do que descobri, pesquisando aqui na net mesmo: Até mais ou menos 1920, não existiam no Brasil editoras nacionais. Os livros vendidos aqui eram todos impressos na Europa, especialmente em Portugal. Bastante elitizados, os livros só chegavam a pequena parte da população brasileira. Buscando alcançar a grande massa popular, Pedro da Silva Quaresma, através de sua Livraria Quaresma passa a trazer para o Brasil livros de cunho popular, em formato reduzido e, acima de tudo, a um preço acessível. Surgiram assim, as "Edições Quaresma".

Alguns escritores, de "categoria mais elevada" também escreveram livros para estas coleções, usando pseudónimos. A Alberto Figueiredo Pimentel, então escritor e cronista social do periódico Gazeta de Notícias, Quaresma encomendou uma série de livros para crianças, tornando-se, assim, Figueiredo Pimentel, o precursor da nossa literatura infantil. Dos livros publicados, todos vindos de Portugal, alguns foram: Histórias da Carochinha, Histórias do Arco da Velha, Histórias da Avozinha, Histórias da Baratinha, Os meus brinquedos, Theatro Infantil, O Álbum das Creanças, entre outros.
Histórias da carochinha foi o primeiro livro infantil publicado no Brasil, e acabou fazendo com que o termo "carochinha" fosse incorporado ao nosso folclore, representando a imagem de "uma velha bondosa e afável a distrair os pequenos com suas narrativas feéricas." Surge assim, a nossa bem brasileira Dona Carochinha.

                               https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9SkQINjbKWrD5nPVe_oa4f1m7_5FgFTQ_WlUweOj_NiaO567-glWo3Q-aew5pQH0aORdhmab_RE7CEmPU64Cj8ZjDEQQ-7shNNAxWoYfaTumAS1dYqiIHrPMi8BIIn7r0Pk-IiYgu0TA/s400/Dona+Carochinha.png
Mas não para por aí!
No dicionário, temos:
Carocha: 1-besouro; 2-escaravelho; 3-barata
Carochinha: diminutivo de carocha, baratinha. * Em Portugal a carochinha ou baratinha é personagem de histórias infantis. Foi assim que chegou até nós: histórias da carochinha, conto da carochinha.
Carochinha é portanto uma palavra portuguesa que significa baratinha.
.
A tradicional história infantil da Dona Baratinha que todos nós conhecemos:"...Quem casar com Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?!?" é contada em Portugal como a História ou Conto da Carochinha.
Dizem que, lá em Portugal, por este ser um conto bem antigo e popular, acabou por abraçar sob o mesmo nome todas as histórias infantis da época.
Assim todas os tradicionais contos infantis eram chamados de Contos da Carochinha. E para nós brasileiros, Dona Carochinha além de representar a folclórica velhinha contadora de histórias, também nos foi apresentada magistralmente com a forma de uma barata.
Monteiro Lobato, em Reinações de Narizinho, retrata Dona Carochinha como sendo um velha baratinha de mantilha, sempre enfezada e mal humorada com os personagens de suas histórias, pois estes andam fugindo de seus livros. É uma Dona Carochinha autoritária, mas divertida!
Bom, foi isso o que encontrei! Espero que goste! Eu adorei!
E pesquisando no GOOGLE por imagens da Dona Carochinha, não encontrei nenhuma avozinha, apenas baratinhas.
.
Decidi então adotar para mim a versão de Lobato:
Uma barata velhinha que conta histórias, as Histórias da Carochinha!
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRBfBLOBdrCYU0BDEDe_OZSbMSeHaph-lPyqiyfLvXK10a2uDmVM0oHxhAlHwFxffOpb808M68-IA2xlRtDzxXuMZ1eaN1wn4wMwvNvdzwxkxygTD145fIO46OxaBisKcSNkVmDS5E16g/s400/dona+barata.gif

2 comentários:

  1. Uau, que delícia! Profa. séria essa, que aprende com as perguntas das alunas. Esse curso de Literatura é bom pra tudo, principalmente curar tristezas e gerar conhecimento. Valeu, adorei!

    ResponderExcluir
  2. A gente ensina e aprende o tempo todo e em qualquer lugar. Quando se é instigada, como eu fui, melhor dizendo, venho sendo instigada, a curiosidade fica o tempo todo em estado de alerta. Isso é o que nos move e mantém a nossa vivacidade: curiosidade e desejo.
    E o que a gente deseja é mesmo a transformação e isso inclui trocar a tristeza pela alegria.

    ResponderExcluir