Vivina do C. Rios Balbino
Psicóloga, mestre em
educação, Professora da Universidade Federal do Ceará e
autora do livro
Psicologia e psicologia escolar no Brasil.
O
Brasil é a sexta potência econômica mundial, mas ainda ocupa o 88º lugar em
educação. Dados da UNESCO revelam que temos 30 milhões de analfabetos
funcionais e 14,1 milhões de analfabetos. Apenas um em quatro brasileiros de 15
a 64 anos é considerado plenamente alfabetizado. A situação é pior no ensino
fundamental e médio, com altíssimo índice de evasão. Greves atuais de
professores do ensino fundamental médio pelo país afora revelam essa
precariedade. Os professores estão insatisfeitos com salários e mais condições
de ensino. O Brasil investe R$ 1,9 mil por ano em cada estudante do ensino
básico e R$ 13 mil no ensino superior. Dos 5,8% do PIB aplicados na educação, a
maior parte fica com o ensino superior.
O
programa Ciência sem fronteiras visa expandir e internacionalizar o ensino
superior. A Capes e o CNPq assinaram um pré-acordo com a Hyundai para
patrocinar bolsistas privilegiando a área de tecnologia. Segundo o ministro da
Educação, Aloízio Mercadante, a Coréia tornou-se uma potência com investimentos
na educação e na inovação tecnológica. 82% dos coreanos têm curso superior, e a
elite deles torna-se professor. No Brasil, graduados não querem ser professor,
porque são mal pagos e desvalorizados.
A
revolução pela educação no Brasil não deveria começar no ensino básico e na
formação de qualidade dos professores? É extremamente preocupante ter quase 30%
dos docentes na educação infantil e fundamental e 5,9% no ensino médio sem
formação superior segundo dados do Censo Escolar 2011. É necessário ensino
superior e licenciatura de qualidade para todos os professores. A revolução
pela educação se dará quando houver qualificação, valorização e boa remuneração
para o educador. Antônio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa e especialista
em formação de docentes, afirma que superar a separação entre a universidade e
o ensino básico é um dos grandes problemas do século 21 na educação. Os cursos
de licenciatura precisam ser mais bem qualificados e que professores renomados
sejam os protagonistas dessa grande construção de saberes. Ocorre que ainda
hoje professores iniciantes ou com pouca titulação é que ensinam nas
licenciaturas – cursos que formam educadores para todas as áreas do
conhecimento. É importante valorizar também nas universidades os cursos de
pedagogia.
É
fundamental que o professor seja qualificado, tenha orgulho do seu trabalho e
do salário que recebe. É necessário implantar política de incentivo ao
compromisso e criatividade dos professores, premiar bons e talentosos
professores, que investem na educação
de qualidade. Inacreditavelmente os professores ainda lutam pela aplicação do
atual piso nacional do educador aprovado em 2008, no valor de R$ 1.451. Segundo
a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, cerca de cinco estados
ainda não pagam integralmente esse valor. As disparidades salariais no Brasil são
gritantes e merecem urgentes políticas e igualdade de salário para o mesmo
nível de graduação.
Nas
universidades públicas, os salários são um pouco melhores, apesar da alta
qualificação exigida. Um professor, dependendo da titulação, começa ganhando de
R$ 1.993,04 a R$ 7.333,67. Mas, enquanto isso, alguns profissionais
privilegiados começam ganhando R$ 14.970,60. Funcionário de ensino médio pode
receber até R$ 3mil. A folha de pagamento do tribunal estadual mais caro do
país vai custar R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos este ano. Por que um
professor vale tão pouco no Brasil?
Educação para o crescimento econômico e tecnológico, sim, mas é fundamental que a educação seja também para a melhoria da vida dos cidadãos. Uma educação de qualidade que tenha impacto na redução de violências. O indivíduo alfabetizado é um cidadão sábio, crítico e se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação, com menos criminalidade e maior qualidade da vida. É essa importante cadeia qualitativa que diferencia também uma grande nação. Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa US$ 30 bilhões por ano. Quanto custa no Brasil essa falta de civilidade? Com certeza, uma educação de qualidade para todos e em todos os níveis da escolarização é garantia de um bom índice de Desenvolvimento Humano e de civilidade.
Educação para o crescimento econômico e tecnológico, sim, mas é fundamental que a educação seja também para a melhoria da vida dos cidadãos. Uma educação de qualidade que tenha impacto na redução de violências. O indivíduo alfabetizado é um cidadão sábio, crítico e se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação, com menos criminalidade e maior qualidade da vida. É essa importante cadeia qualitativa que diferencia também uma grande nação. Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa US$ 30 bilhões por ano. Quanto custa no Brasil essa falta de civilidade? Com certeza, uma educação de qualidade para todos e em todos os níveis da escolarização é garantia de um bom índice de Desenvolvimento Humano e de civilidade.
Jornal
Estado de Minas. Caderno Opinião, pg 7, terça-feira, 8 de maio de 2012.
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