domingo, 29 de novembro de 2015

ETERNA MAGIA

                                          
   Estou P A S S A D A!
   Com a tarde livre, aproveitei para dar umas voltinhas nos espaços comerciais, ávida pelas belezas e novidades rotineiras e as tão sonhadas do final de ano. E se o tempo é natalino, pisca-piscas tendem a fazer festa no meu coração. Amo Natal e tudo que ele representa. Lá fui eu em cima de um salto alto enorme e fazendo pose. Mas, caí do cavalo ou do salto, como queira! Eu nunca vi tanto desânimo, tanta falta de graça, tanto desencanto e tamanha ausência de beleza. O que aconteceu com a eterna magia?
   Tudo bem que pertenço a outro tempo. Tempo em que se preparava com quarenta dias de antecedência as festividades natalinas. A casa ganhava novos ares, sentidos, encantos. Era o tempo das especiarias que nos remetiam ao oriente, dos doces cristalizados ou em calda, das carnes embebidas em banha de porco, das mangueiras pingando mangas docinhas, das goiabeiras... da feitura dos biscoitos, do tempo de montar presépio; tempo de recolher da natureza elementos que nos ajudassem a compor a beleza do momento maior; tempo de sonhar com a tão aguardada boneca que Papai Noel certamente deixaria na janela; tempo da reunião familiar  em torno da cama de casal onde pais e filhos se  ajoelhavam rezando o terço e pedindo paz e bênçãos para a humanidade, tempo de muita alegria. Tempo dos sentidos e sentimentos aguçados, temperados, renovados.
   Por essas e outras fiquei a pensar inconsolada: o que fizeram com a figura central de tudo isso cujo nome é JESUS CRISTO, praticamente sumido ou, quando muito, desbotado nas cores? Meu coração se partiu de vez...
   Lembrei-me dos versos de Maria Dinorah:   

Natal...
Os reis tão sós...
Os súditos tão sós...
O mundo tão só...
O universo tão só...
Que imensa solidão, meu Deus! 
   Andei. E por onde andei vi de um tudo – amontoados – mas, vi: do descaso na organização à banalização da exposição e nada de convicção de que estamos diante de “alguma” representação absolutamente especial para o mundo cristão e que pertence ao campo do sagrado.  E cá pra nós, até mesmo o profano carece de ritual, que dirá o sagrado...
   Aí alguém pode dizer: é a crise econômica mundial. E qual a relação Jesus Cristo X crise econômica mundial? Não sou tão simplória a ponto de não perceber os ditames da sociedade capitalista mas, a questão aqui é outra. Qual será mesmo o destino da humanidade desumanizada? O que acontecerá com a tal subjetividade humana? Dos valores inerentes ao humano? Da afetividade própria entre os humanos? Jesus Cristo, socorro! 

   Fui pra casa pensativa. 
  Decidi reativar os meus sentimentos mais fundos e acender as velas, os piscas, as lâmpadas. Decidi abrir os pacotes, caixas e sacos de embalagens e repaginar os enfeites, tirar o pó, rebrilhar a casa, os espaços e a alma. Decidi pedir ajuda aos anjos e arcanjos para a nova sinfonia a ser registrada em cartões natalinos, porque ninguém merece receber e-mails frios, digitalizados, quando se pode dedicar tempo à escrita de próprio punho a quem se ama. 
  Decidi que, no espaço que me cabe, desânimo não entra; crise, nem de idade é permitida.
  A palavra é verbo e o coração é minha lei.
 Que tenhamos todos um NATAL de LUZ, de CONSCIÊNCIA, de AÇÃO, de HUMANIZAÇÃO E AFETO.
 Nos preparemos pois para a chegada do MENINO DEUS.
  


   Texto de Heloisa Davino - dez/2015.

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